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Stirling Castle

Stirling, Scotland - United Kingdom

O “Castelo de Stirling” (em inglês: “Stirling Castle”) localiza-se na cidade e “council area” de Stirling, na Escócia, no Reino Unido.

Situa-se em posição dominante acima da cidade velha, na Castle Hill, um maciço rochoso de origem vulcânica que faz parte da formação geológica Stirling Sill. Cercado por três lados por escarpas íngremes, é considerado um dos maiores e mais expressivos castelos do país, tanto pela sua arquitetura como pela sua história.

Pela sua localização estratégica às margens do rio Forth, defendendo aquela que foi, até à década de 1930, a travessia mais a jusante do rio, o castelo desempenhou um importante papel na História da Escócia desde a sua construção, tendo sido sitiado e assaltado em pelo menos 16 ocasiões. Do alto das suas muralhas descortinam-se as planícies envolventes, onde se travaram três batalhas que decidiram os destinos do reino (além de uma quarta, disputada alguns quilómetros mais a norte), de que são exemplos:

- A Batalha de Stirling Bridge (1297), onde William Wallace desbaratou um vasto exército inglês que tentava atravessar o rio Forth.

- A Batalha de Bannockburn (1314), onde as forças de Robert, o Bruce desbarataram forças inglesas em número mais elevado.

Entre cerca de 1100 e 1685 foi uma das principais residências dos monarcas escoceses e local de reunião da Corte. A partir daí e até 1964 foi quartel-general do regimento dos “Argyll e Sutherland Highlanders”.

A maior parte dos edifícios do castelo datam do período compreendido entre 1496 e 1583, quando o complexo foi significativamente ampliado por três monarcas: Jaime IV da Escócia (1488-1513), Jaime V da Escócia (1513-1542) e Jaime VI da Escócia (1567-1625), assim como pela Rainha Maria de Guise, esposa de Jaime V e mãe de Maria da Escócia. Em nossos dias subsistem poucas estruturas do século XIV, enquanto as defesas exteriores, voltadas para a cidade, remontam ao início do século XVIII.

Atualmente, o castelo encontra-se classificado como um “Scheduled Ancient Monument”, administrado pela Historic Environment Scotland, uma agência estatal responsável pela proteção dos monumentos nacionais.

História

Não se pode afirmar com certeza se os pictos, ou mesmo os romanos, construíram fortificações no local, de onde toda a parte central da Escócia poderia ser controlada. O primeiro dado seguro diz respeito à fundação de uma capela no local, em 1100, por Alexandre I da Escócia (1107-1124).

Em troca da libertação de Guilherme I da Escócia (1165-1214), o castelo foi ocupado uma primeira vez pelos ingleses em 1174, mas veio a ser devolvido em 1189. Por volta de 1280 tiveram lugar extensas atividades construtivas, embora nenhuma dessas estruturas tenha chegado até nós.

No século XIII, a campanha escocesa de Eduardo I de Inglaterra (1272-1307) incluiu um cerco ao castelo. Os historiadores acreditam que foi onde o “Warwolf” ("lobo de guerra"), o maior trabuco alguma vez construído, foi usado pela primeira vez, com efeitos devastadores. Em 1291, enquanto aquele monarca tomava uma decisão sobre a sucessão ao trono da Escócia, o castelo esteve uma vez mais sob o controlo da Inglaterra. Os escoceses, liderados por William Wallace, venceram a Batalha de Stirling Bridge (11 de setembro de 1297) e recuperaram o castelo. No entanto, após a Batalha de Falkirk (22 de julho de 1298), o castelo foi novamente perdido para os ingleses. Robert, o Bruce, retomou-o em 1299, após um cerco.

O castelo foi o último mantido pelos escoceses, estando cercado pelos ingleses desde abril de 1304. Um total de 12 armas de cerco (incluindo provavelmente um trabuco) bombardearam incessantemente o castelo com bolas de chumbo, fogo grego, pedras e até mesmo com uma mistura de pólvora. Finalmente, 30 homens sobreviventes da guarnição escocesa capitularam após quase 4 meses de cerco.

Uma década mais tarde houve uma reviravolta na sorte da guerra. Os escoceses, sob o comando de Eduardo Bruce, sitiaram novamente o castelo. Após o seu irmão Robert ter imposto pesada derrota aos ingleses na Batalha de Bannockburn (24 de junho de 1314), o castelo foi ocupado.

A vitória na Batalha de Halidon Hill (19 de julho de 1333) devolveu aos ingleses o controlo do castelo. Após um cerco malsucedido em 1337, o futuro Roberto II da Escócia (1371-1390) conseguiu reconquistar o castelo em 1343, para a Escócia.

A 11 de junho de 1488 teve lugar, a apenas 3 quilómetros de distância, a Batalha de Sauchieburn, entre as tropas do soberano e elementos rebeldes, durante a qual Jaime III da Escócia (1460-1488) foi morto. O seu sucessor, Jaime IV, deu início, em 1496, a grandes expansões do castelo, o qual se converteria, até 1583, num imponente palácio.

Por volta de 1538, Jaime V mandou erguer aqui um palácio para si e para a sua rainha de origem francesa, Maria de Guise. O chamado “Palácio Real” é uma obra-prima da arquitetura do Renascimento, com belas estátuas adornando as suas paredes externas.

A 9 de setembro de 1543, a “Grande Capela”, ou “Capela Real” (“Chapel Royal”), foi palco da coroação de Maria Stuart como rainha da Escócia. Também aqui foi batizado, em 1566, o seu filho e futuro soberano, Jaime VI da Escócia, sendo utilizada como pia batismal uma peça de ouro maciço emprestada por Isabel I de Inglaterra (1558-1603). Um assalto ao palácio por parte dos adeptos da rainha foi repelido em 1571. A 17 de abril de 1584 foi ocupado pelo insurgente senhor do castelo, mas duas semanas depois foi devolvido.

Após a ascensão de Jaime VI ao trono inglês como Jaime I de Inglaterra, o centro do governo deslocou-se para Londres e o castelo perdeu importância como residência real.

No contexto da Guerra Civil Inglesa (1642-1651), a 3 de agosto de 1650 as tropas de Oliver Cromwell impuseram cerco ao castelo e conquistando-o a 14 do mesmo mês, tendo o conjunto sido severamente danificado.

A 30 de março de 1685 o castelo perdeu o seu estatuto como residência real e tornou-se uma base militar. Em fins do século XVII e durante o século XVIII, as suas defesas foram reforçadas face às rebeliões jacobinas. Entre 1711 e 1714 tiveram lugar extensas melhorias nas suas defesas. A 13 de novembro de 1715 os jacobitas foram derrotados na Batalha de Sheriffmuir, alguns quilómetros a norte de Stirling.

O exército rebelde de Carlos Eduardo Stuart capturou a cidade a 6 de janeiro de 1746, sem resistência por parte do castelo.

Entre 1800 e 1964 o castelo foi propriedade do gabinete de guerra britânico. Durante as guerras revolucionárias contra a França, travadas no início do século XIX, uma grande parte da estrutura, convertida em quartel, serviu para treinar soldados escoceses que mais tarde lutariam no continente europeu. A partir de então foram feitas muitas alterações no conjunto: o “Grande Hall” tornou-se um bloco de alojamentos; a “Capela Real” foi transformada em salão de leitura e galeria de jantar; o “Antigo Edifício do Rei” tornou-se numa enfermaria e o “Palácio Real” deu lugar à messe dos oficiais. Durante esse período, também foram construídos vários edifícios novos, incluindo uma prisão e um paiol de pólvora, no Nether Bailey, em 1810.

Em setembro de 1906, Eduardo VII do Reino Unido (1901-1910) expressou publicamente o seu desagrado pelo uso indevido deste castelo com significado histórico; a partir de então, a sociedade de proteção dos monumentos históricos começou a devolvê-lo à sua condição original e esforços para devolver os seus edifícios ao seu estado original ainda estão a ser feitos: diversos edifícios já foram restaurados ou reedificados para que o castelo volte a apresentar o aspeto que tinha ao final do século XVII. O castelo conserva ainda a função de quartel-general dos Argyll e Sutherland Highlanders e, embora a tropa já não esteja ali aquartelada desde 1964, as suas instalações abrigam o Museu do Regimento.

A esplanada do castelo, ou campo de parada, tem sido usada como local de concertos ao ar livre por vários artistas conhecidos, alguns dos quais usaram o castelo e o cenário envolvente para filmar DVDs "em concerto". Entre eles incluem-se concertos dos R.E.M., Ocean Colour Scene, Bob Dylan, Wet Wet Wet e Runrig. A esplanada também acolhe as celebrações de ano novo (“hogmanay”) da cidade.

Uma ilustração do castelo é apresentada, atualmente, no reverso da série de notas de 20 libras emitida pelo Clydesdale Bank, com Robert, o Bruce, montado a cavalo, no fundo.

A partir de janeiro de 2002, o Estúdio de Tapeçaria do West Dean College trabalhou na recriação das tapeçarias “The Hunt of the Unicorn” ("A Caça do Unicórnio"). As tapeçarias a ser exibidas na “Queen's Presence Chamber” do Castelo de Stirling, integraram o projeto para remobiliar o castelo tal como estaria no século XVI. Historiadores que se detiveram no reinado de Jaime IV acreditam que uma série semelhante de tapeçarias fez parte da coleção real. A equipa do West Dean Tapestry visitou as coleções do Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque, para inspecionar os originais e pesquisar as técnicas medievais, a paleta de cores e os materiais. Este projeto tinha data estimada de 2014 para estar concluído e os tecelões trabalharam tanto em West Dean, West Sussex, como no castelo.

Características

Exemplar de arquitetura militar e civil. Uma vez que a colina do castelo apresenta penhascos íngremes em três dos seus lados, o complexo é acessível apenas pelo sul, troço particularmente bem fortificado. A portaria, que permite o acesso a partir das defesas exteriores ao castelo propriamente dito, situa-se no pátio interior (“Guardroom Square”). Esta estrutura foi erguida entre 1501 e 1506 por Jaime IV, então integrante de uma frente que se estendia ao longo de toda a largura da rocha. Em ambas as extremidades existiam enormes blocos de edificações retangulares. Ao centro, a única passagem era defendida por 4 torres de planta circular cobertas com telhados cónicos.

Em 1559, e no período entre 1711 e 1714, foram introduzidas extensas alterações no conjunto, de que são exemplo a construção de uma casamata, ou de plataformas para artilharia. Ainda subsistem o bloco de edificações da parte sul, a “Prince's Tower” (associado ao palácio construído posteriormente), o muro circundante contíguo, a passagem e a parte inferior das torres interiores, assim como vestígios das torres exteriores e do bloco de edificações da parte norte.

Através de uma outra passagem acede-se ao pátio central (“Outer Close”). À esquerda encontram-se alguns edifícios, como a casa do comandante, erguida em 1790. A antiga ala da cozinha foi nivelada em 1689 e substituída por uma bateria de artilharia, no relativamente fraco lado leste. A parte inferior da ala da cozinha foi parcialmente reconstruída em 1921. O portão do lado norte ainda remonta, em parte, ao ano de 1380, constituindo assim a parte mais antiga remanescente do castelo; o edifício também serviu durante muito tempo como local de cunhagem de moeda.

No lado direito do pátio central encontram-se os dois edifícios mais importantes do castelo: o Grande Hall (“Great Hall”) e o Palácio Real. O primeiro, construído em estilo renascentista entre 1501 e 1504, com 38,1 metros de comprimento por 14,3 de largura, é o maior de seu género construído na Escócia. Provavelmente foi concebido pelo próprio Jaime IV para albergar monumentais banquetes e celebrações. Durante cerca de um século realizaram-se aqui os mais importantes eventos sociais da família real escocesa, incluindo frequentes sessões do Parlamento Escocês. Também foi aqui que tiveram lugar os magníficos festejos oferecidos por Maria Stuart para celebrar o batizado do seu filho.

Depois da subida de Jaime VI ao trono da Inglaterra, e da sua mudança para Londres, o Grande Hall passou a ser usado como estábulo e depósito de carruagens. Durante o século XVIII, o salão foi dividido em vários andares e salas, a fim de criar alojamentos para as tropas. Depois da saída dos militares em 1964, o Grande Hall foi restaurado e devolvido ao seu aspeto original, tendo sido reaberto ao público em 1999. Nele destacam-se 5 lareiras ornamentadas, escadas em caracol e um impressionante teto, construído com a madeira de cerca de 350 carvalhos.

O Palácio Real foi construído entre 1537 e 1543 e é uma combinação entre o estilo renascentista e o barroco tardio. O edifício, de planta retangular, tem um pequeno pátio: a "Caverna do Leão" (“Lion's Den”). A ala norte era a área do soberano, enquanto a ala sul era a área da rainha. Ambas estão estruturadas de forma simétrica: da Câmara da Guarda pode entrar-se na Sala de Audiências e, daí, nos aposentos privados. Enquanto as três fachadas do interior estão elaboradamente decoradas, a fachada ocidental, voltada para as rochas, apresenta-se simples e rude, uma vez que, após a morte de Jaime V, jamais foi concluída. Os tetos da sala de audiências do soberano eram decorados por retrato circulares, os "dirigentes de Stirling". Entretanto, estes foram removidos em 1777 e instalados no Smith Institute, em Stirling, ou no National Museum of Antiquities, em Edimburgo.

A área entre o Grande Hall e o Palácio Real pode ser alcançada por uma passagem situada no topo do pátio central. Esta é flanqueada pelo “Antigo Edifício do Rei” (“King's Old Building”), no lado oeste, e pela “Capela Real” (“Chapel Royal”), no lado norte. O primeiro foi erguido em 1496, no ponto mais alto da colina do castelo, tendo substituído um edifício anterior. Serviu como residência principal até cerca de 1543, quando o novo palácio real foi concluído. Posteriormente, foi utilizado, principalmente, como alojamento de tropas. A parte norte foi gravemente danificada por um incêndio em 1855, e depois reconstruída. Atualmente nele está instalado o Museu do Regimento dos Argyll e Sutherland Highlanders.

A existência de uma capela é testemunhada desde 1110. Após 1412 foi erguida uma nova capela, demolida em 1594, para dar lugar ao atual edifício, de planta retangular. Em 1633 a capela foi ricamente decorada por Valentine Jenkins. Por volta de 1900 foi utilizada como cantina das tropas, espaço de treino e armazém. Por volta de 1930 tiveram início extensos trabalhos de restauro, que se estenderam até 1996.

Através do portão norte e de uma escadaria pode alcançar-se a parte mais profunda do lado norte da colina (“Nether Bailey”). Em 1810 foram aqui construídos 3 armazéns de pólvora e uma casa da guarda, a que se seguiu um 4.º paiol de pólvora erguido em 1860. A cerca de todo o complexo forma a muralha exterior norte.



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